Leia a entrevista que retirei do Terra.
Terra Magazine - Você disse que se recusou a ir ao São Paulo Fashion Week porque o evento não inclui moda para gordinhas. Isso já acontece em Milão, em Londres... Porque você acha que não pegou aqui?
Fluvia Lacerda - Eu acho que nós temos uma resistência muito forte. Nem é muito uma política de falar de assuntos que não interessam, é um mercado que tem cliente e as marcas vão vender. Aqui no Brasil existe muito comodismo e muita falta de visão. A gente andando na Avenida Paulista à tarde vê que tem muita mulher vestindo acima de 44. Precisa de muita audácia. É uma coisa que lá fora é muito fácil porque cria polêmica e polêmica vende, mas aqui quanto mais mesmice, melhor. É tudo aquela coisa uniforme sem sair daquele parâmetro. Não tem aquela visão de que é preciso escandalizar.
Você gosta de moda? Presta atenção no que acontece na alta-costura, por exemplo?
Eu sou muito ligada em moda. Eu acredito que seja uma parte muito importante e grande da vida de uma mulher. Muitas coisas que eu não encontro para comprar, eu mando fazer.
Mas então quem é que "escandaliza"?
Quando digo isso, me refiro a moldes impostos que as pessoas aceitam. Quando Jean Paul Gaultier cria um modelo lindo e maravilhoso e coloca uma modelo 46 na passarela, isso escandaliza. Porque nós não somos modelos fora do normal ou do parâmetro. Eu sou a maioria, a que veste 30, 32 é que não é a maioria. Ela está fora do normal, não eu! O que é necessário no Brasil é pegar um designer superinovador, criar uma peça especial, e colocar numa mulher com curvas como Gaultier e John Galliano fizeram.
Você é uma das poucas brasileiras nesse ramo que trabalha fora e sempre que vem aqui fala sobre esse mercado GG. Você já se sente uma "embaixatriz" da causa? Isso não é um peso?
Eu gosto. É a parte que eu mais curto do meu trabalho. Acho que as pessoas perdem muito tempo seguindo em vez de liderar. Eu quero liderar, por que eu não posso liderar? O tempo que você tá me criticando porque eu estou com o trazeiro cheio de celulite na praia, você fica escondida e eu tô lá curtindo.
Você sempre foi gordinha?
Sempre. A minha mãe é magrinha, é professora de educação física, já foi bailarina. Eu puxei tudo pro lado do meu pai, uma mistura de negro com índio. Todas as mulheres da família do meu pai têm bundão. Eu não posso mudar isso. Eu posso me torturar e passar fome, mas é perda de tempo.
Você está acompanhando o que está acontecendo na semana de moda que encerra agora em São Paulo? O que está achando?
Eu nunca visitei o Fashion Week daqui. Recebi vários convites para assistir os desfiles, mas o que é que eu vou fazer lá? Eu vou ficar vendo um monte de mulheres passando, que vestem 30 ou 32. Vou olhar e falar "poxa, mas não tem do meu tamanho". Eu acho que não faz sentido. Decidi não ir porque eu acho que não corresponde à realidade do Brasil. É pra inglês ver. Faz a semana de moda, todo mundo tira foto, mas a quando a maioria das mulheres entra numa loja dessa, não passa, não cabe na roupa.
Link da entrevista: http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI4925082-EI6593,00-Modelo+GG+Na+moda+brasileira+quanto+mais+mesmice+melhor.html
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